sábado, maio 31

Tessalónica – volume 6

Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância
a respeito dos defuntos,
para não vos contristardes como os outros,
que não têm esperança.

1 Tes 4,13


Um dos problemas teológicos que mais preocupava os tessalonicenses era a questão da parusia [regresso de Jesus, no final dos tempos]... Paulo e as primeiras gerações cristãs acreditavam que esse dia surgiria num espaço de tempo muito curto e que assistiriam ao triunfo final de Jesus. A este propósito os tessalonicenses punham, no entanto, um problema muito prático: qual será a sorte dos cristãos que morrerem antes da segunda vinda de Cristo? Como poderão sair ao encontro de Cristo vitorioso e entrar com ele no Reino de Deus se já estão mortos?

É então que Paulo escreve aos tessalonicenses, encorajando-os na fé e respondendo às suas dúvidas. Estamos no ano 50 ou 51. O texto que nos é proposto é parte desse esclarecimento sobre a parusia que Paulo incluiu na carta.

Antes de mais, Paulo confirma aquilo que, provavelmente, já antes havia ensinado aos tessalonicenses: que Cristo virá para concluir a história humana; e que todo aquele que tiver aderido a Cristo e se tiver identificado com Ele, esteja morto ou esteja vivo, encontrará a salvação [v. 14]. Se Cristo recebeu do Pai a vida que não acaba, quem se identifica com Cristo está destinado a uma vida semelhante; a morte não tem poder sobre Ele... Isto deve encher de esperança o cristão, mantendo-o alegre, sereno e cheio de ânimo.

Como é que se concretizará isso? Como é que aqueles que já morreram assistirão ao triunfo final de Cristo?

Paulo não é demasiado explícito, pois está consciente que se trata de uma realidade misteriosa, que foge à lógica e à linguagem humanas. De qualquer forma, para descrever a passagem do homem velho para a realidade do homem novo que vive para sempre junto de Deus, Paulo vai recorrer ao género literário “apocalipse”, um género literário que utiliza preferentemente a imagem e o símbolo [afinal, a linguagem mais adaptada para expressar uma realidade que nos ultrapassa e que não conseguimos definir e explicar nos seus detalhes]. O quadro que Paulo traça é o de que aqueles crentes que entretanto morreram ressuscitarão primeiro [“à voz do arcanjo”, “ao som da trombeta de Deus” – elementos típicos da escatologia judaica]; depois, em companhia de “nós, os vivos”, irão ao encontro do Senhor que vem na sua glória e permanecerão com Ele para sempre.

Em qualquer caso, o que está aqui em causa não é a definição do quadro fotográfico da última vinda do Senhor... O que Paulo aqui pretende é tranquilizar os tessalonicenses, assegurando-lhes que não haverá qualquer diferença ou discriminação entre os que morreram antes da segunda vinda de Jesus e aqueles que permanecerem vivos até esse instante: uns e outros encontrar-se-ão com o Senhor Jesus, partilharão o seu triunfo e entrarão com ele na glória.

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