sábado, março 29

À comunidade da Galácia


Paulo dirigiu esta carta aos Gálatas, ou seja, estes eram habitantes de uma região da Ásia Menor chamada Galácia.

Paulo visitara a região da Galácia por duas vezes, (cf. Act. 16,6; 18;23). Na segunda e terceira viagem missionária anunciou aos destinatários da Carta, o Evangelho.

sexta-feira, março 28

Oh Gálatas insensatos! Quem vos enfeitiçou?(Gl3,1)

A Carta aos Gálatas é proclamação. Nela se expressa o "mundo de Paulo", ou melhor, a sua experiência da fé e as sua relações com as comunidades cristãs primitivas. Sua relevância está em que também trata do episódio da sua própria conversão e da luta para preservar a experiência original da fé cristã. A proclamação de Paulo, expressa não só a luta contra a ameaça de degeneração dessa experiência, mas também as suas invectivas contra a lei mosaica. Ela expõe também a demarcação da diferença inarredável não só entre cristianismo e judaismo , mas entre a experiência da vida fática e o misticismo. A nova fé proclamada é um caminho sem revolta. A Carta é, um documento marcante da sua missão apostólica. Ai estão em jogo as atribulações da sua vida e a execução da sua missão, à medida que, como vimos, a sua missão confundiu-se com a sua vida, isto é, com o seu desenvolvimento religioso,que não foi uma mera adesão, mas uma "agitação apaixonada" com a nova fé que passou a proclamar. A proclamação, que na leitura heideggeriana de 1e2 Tessalonicenses, era direccionada pelas intensas expectativas da parusia, muda agora de enfoque. Essa mudança, porém, não pode ser entendida cronologicamente, pois faz parte da mesma acentuação da experiência fática. A "agitação apaixonada" deixa de ser entendida a partir do âmbito mental dos sentimentos para situar-se, como Heidegger, nos fenómenos da vida fática, mas, como iremos mostrar, o critério para a paixão está na gramática da proclamação.

terça-feira, março 25

A Comunidade dos Romanos

A comunidade que eu escolhi é a dos Romanos. contestualização desta comunidade de forma restrita: supõe-se que Paulo tenha escrito esta carta aos Romanos a partir de Corinto, e, é provavel que esta tenha sido a última carta, como diz (Rm 16,23) "saúda-vos Gaio, que me recebe como híspode, assim como a toda a Igreja. Saúda-vos Erasto, o tesoureiro da cidade, e o irmão quarto"...
Em Paulo encontramos um projecto, programa, uma ordem pastoral e administrativo; o seu objectivo é que o evangelho seja universalizado e que do ponto de vista administrativa as comunidade também esteja em ordem.
O seu objectivo era ir a Roma e depois seguir à Espanha à Espanha a provincia ocidental do Império. Por outro lado, Paulo quer entregar aos cristãos de Jerusalém a colecta de solidariedade que desde o "Concílio" organizou nas suas comunidades; mas ele será contextado por não exigir que que os cristãos aceitassem certos preceitos da lei judaica para serem cristãos. Ora, em Paulo encontramos uma inteligência da fé,ele procura uma dinámica de integração, inclusão. Para ele é que todos possa caber na lógica cristã quer judeu, cristãos etc.
Em Rm 15, 25-28 e Gl 2, 10 vemos o seguinte: v. 25"mas agora vou de viagem para Jerusalém, em serviço a favor dos cristãos". v. 28"Portanto, quando este assunto estiver resolvido, e lhs tiver entregue o produto desta colecta devidamente selado, partirei para Espanha, passando por junto de vós". Gl 2, 10"Só nos disseram que devíamos lembrar dos pobres -o que procurarei fazer com o maior empenho". Tudo isso, indica que o sentido de unidade e de solidariedade em Paulo é desde sempre uma realidade.

segunda-feira, março 24

A COMUNIDADE DE TESSALÓNICA

Ao que parece, o tempo de evangelização de Paulo em Tessalónica foi curto de uns 3 ou 4 meses, mas bastante denso para deixar um comunidade cristã minimamente organizada “tendo-vos, assim, tornado um modelo para todos os crentes na Macedónia e na Acaia. Na verdade, partindo de vós, a palavra do Senhor não só ecoou na Macedónia e na Acaia, mas por toda a parte se propagou a fama da vossa fé em Deus, de tal modo que não temos necessidade de falar disso” (1 Tes 1, 7-8).

Segundo os Actos a comunidade era de origem Judeo-cristão “Passando por Anfípole e Apolónia, chegaram a Tessalónica, onde os judeus tinham uma sinagoga. Segundo o seu costume, Paulo foi lá procurá-los e, durante três sábados, discutiu com eles acerca das Escrituras, explicando-as e provando que o Messias tinha de sofrer e de ressuscitar dos mortos. «E o Messias - dizia ele - é este Jesus que vos anuncio.» Alguns deles ficaram convencidos e reuniram-se a Paulo e Silas, bem como grande número de crentes gregos e muitas mulheres de categoria social” (Act 17, 1-4).

De acordo com Actos e a 1 Tessalonicenses, houve muita hostilidade contra a comunidade cristã em Tessalónica. Embora Actos 17 diga que alguns judeus vieram para o cristianismo, a 1 aos Tessalonicenses dá a ideia que vieram da religião greco-romana “De facto, são eles próprios que contam o acolhimento que vós nos fizestes e como vos convertestes dos ídolos a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro” (1 Tes 1,9). Desta forma, aqui como em outras cidades da diáspora, nela habitavam, ao lado dos pagãos, hebreus e gregos e como diz Michel Trimaille a população não era homogénea, aos Macedónios de origem tinham-se juntado Gregos, Romanos, Sírios, Egípcios e Judeus e outros.

Paulo encontra em Tessalónica uma sinagoga que afirma uma boa fixação judaica nesta cidade, maior do que em Filipos que só tinha um lugar de oração “No dia de sábado, saímos fora de portas, em direcção à margem do rio, onde era costume haver oração” (Act 16,13). Este carácter de cidade cosmopolita fez surgir um florescimento de diversos cultos e divindades. O culto de Dionísio era originário da Macedónia. Existia também um Templo em Sérapis que certificava o vigor dos cultos egípcios.

Na sua segunda viagem missionária, Paulo e Silas aparecem vindo de Filipos, onde foram insultados e presos e onde por fim lhes pediram que se retirassem “mas, tendo sofrido e sido insultados em Filipos” (1 Tes 2,2), “Foram pedir-lhes desculpa, puseram-nos em liberdade e rogaram-lhes que se retirassem da cidade” (Act 16,39) . É visível algum ressentimento contra Paulo, por parte dos judeus da cidade, o que o levou a fugir para Bereia.

Depois de terem predicado na sinagoga durante três sábados, vêm-se obrigados a exercer o seu apostolado numa casa particular, a de Jasão, onde ao que parece tiveram êxito “Assaltaram a casa de Jasão, à procura de Paulo e Silas, para os levarem à assembleia do povo. Não os tendo encontrado, arrastaram Jasão e alguns dos irmãos à presença dos politarcas, gritando: «Aqui estão os homens que alvoroçaram o mundo inteiro, e Jasão recebeu-os em sua casa” (1 Tes 17,5-7). Paulo aplica-se depois sobretudo ao apostolado entre os pagãos.

Na carta Paulo sublinha algumas características desta comunidade:

· Vivem uma fé activa (1,3)
· Um amor esforçado (1,3; 3,6.8)
· Uma esperança constante (1,3)
· Imitadores do Senhor e de Paulo (1,6)
· Acolheram a palavra (1,6; 2,13)
· Aceitam as tribulações (1,6)
· Alegres pela força do Espírito Santo (1,6)
· Modelo para todos os crentes da Macedónia e da Acaia (1,7)
· Generosos no acolhimento (1,9; 2,1)
· Servidores de Deus (1,9; 2,9)
· Postos à prova por Deus (2,4)