sábado, maio 31

A justificação

No centro de toda exposição temos destacado o emprego do verdo justificar "dikaioun, em passiva = "rehabitar" Se trata de uma noção que hoje nos resulta estranha, a pesar de que no judaismo tinha um lugar eminente, o mesmo que Paulo e tradição luterana.
Para se entender a oposição que Paulo estabelece entre justiça e a lei pela fé, é preciso recordar antes tudo que no AT da palavra justiça(tsedaqa) um sentido muito mais amplo que nas nossas linguas modernas.Para nós se trata da justiça distribuitiva, dar a cada um o que se lhe deve, e da justiça social, que regula as relações sociais. Para o At, a justiça abarca o conjunto de relações entre Deus e o hoomem no marco da aliança.Pelo que a justiça nos é uma virtude moral ao lado de outras virtudes como temperança, a bondade enfim.... É mesmo de dizer que esta Carta aos Gálatas continua a mexer ainda com as nossas comunidades hoje.

obrigado...e até já


Tessalónica – volume 7

O dia do Senhor vem como um ladrão nocturno.
1 Tes 5,1

Qual a data do “dia do Senhor”… Paulo parece convicto de que esse acontecimento se dará proximamente; no entanto, a data exacta continua desconhecida e imprevista.

Por isso, os crentes devem estar atentos para não serem surpreendidos. Para descrever a “surpresa de Deus”, Paulo utiliza duas imagens bem significativas: Deus surpreende-nos como um ladrão que chega de noite, quando ninguém está à espera [v. 2]; e Deus é como as dores de parto que surgem “de repente” [v. 3]. Em consequência, a vida cristã deve estar marcada por uma atitude de preparação e de vigilância.

Para além da questão da data, o que é importante é que os cristãos vivam de forma coerente com a opção que fizeram no dia do seu Baptismo. Os crentes têm de viver de maneira diferente dos não crentes, pois os horizontes de uns e de outros são diferentes... Os não crentes vivem mergulhados na noite e nas trevas, estão adormecidos, atordoam-se com a bebida; vivem no presente, absolutamente despreocupados em relação ao futuro, de olhos postos no horizonte terreno. Os crentes são filhos da luz e do dia, estão vigilantes, mantêm-se sóbrios; vivem de olhos postos no futuro, à espera que chegue a vida plena que Deus lhes vai oferecer.

Na verdade, a vida dos crentes é mais bela e significativa, porque está cheia de esperança. No entanto, é preciso dar corpo à esperança esperando, fiéis e vigilantes a chegada do Senhor.

SUBI OUTRA VEZ A JERUSALÉM

Como o disse a carta, Paulo subi outra vez a Jerusalém quatorze anos depois. Levou consigo os seus colaboradores, Barnabé e Tito. Ao levar Tito, um grego incircunciso, Paulo correu o risco de ser criticado pelos judeus, partidários da circuncisão em Jerusalém. Aí Paulo não gostou da atitude de " falsos irmãos " que espiaram a sua liberdade.
Leiamos o texto para ver mais perto o que se passou : "1*A seguir, catorze anos depois, subi outra vez a Jerusalém, com Barnabé, levando comigo também Tito. 2*Mas subi devido a uma revelação. E pus à apreciação deles - e, em privado, à dos mais considerados - o Evangelho que prego entre os gentios, não esteja eu a correr ou tenha corrido em vão. 3*Contudo, nem sequer Tito, que estava comigo, sendo grego, foi forçado a circuncidar-se.4*Ora, por causa de uns intrusos, falsos irmãos, esses que furtivamente se intrometeram a espiar a nossa liberdade, aquela que temos em Cristo Jesus, a fim de nos reduzirem à escravidão… 5A esses nem sequer uma hora cedemos nem nos sujeitámos, para que a verdade do Evangelho se mantivesse para vós.6*Mas, quanto àqueles que eram considerados como autoridades - o que eles eram outrora de nada me interessa, já que Deus não faz acepção de pessoas - a mim, com efeito, nada mais me impuseram. 7Antes pelo contrário: tendo visto que me tinha sido confiada a evangelização dos incircuncisos, como a Pedro a dos circuncisos - 8pois aquele que operou em Pedro, para o apostolado dos circuncisos, operou também em mim, em favor dos gentios - 9*e tendo reconhecido a graça que me havia sido dada, Tiago, Cefas e João, que eram considerados as colunas, deram-nos a mão direita, a mim e a Barnabé, em sinal de comunhão, para irmos, nós aos gentios e eles aos circuncisos. 10*Só nos disseram que nos devíamos lembrar dos pobres - o que procurei fazer com o maior empenho" ( Gl 2, 1 - 10 ).
Paulo subi mais uma vez a Jerusalém para encontrar Tiago, Pedro e João que eram colunas da comunidade de Jerusalém. Reconheceram o seu apostolado. Digamos, diviram o campo da missionação : Paulo encarregou-se para a evangelização dos gentios e Pedro, para o apostolado dos circuncisos, os judeus.
Emfim, realçou-se a comunhão apostólica ( deram-nos a mão direita ) e a solidariedade eclesial : "Só nos disseram que nos devíamos lembrar dos pobres - o que procurei fazer com o maior empenho".

Tessalónica – volume 6

Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância
a respeito dos defuntos,
para não vos contristardes como os outros,
que não têm esperança.

1 Tes 4,13


Um dos problemas teológicos que mais preocupava os tessalonicenses era a questão da parusia [regresso de Jesus, no final dos tempos]... Paulo e as primeiras gerações cristãs acreditavam que esse dia surgiria num espaço de tempo muito curto e que assistiriam ao triunfo final de Jesus. A este propósito os tessalonicenses punham, no entanto, um problema muito prático: qual será a sorte dos cristãos que morrerem antes da segunda vinda de Cristo? Como poderão sair ao encontro de Cristo vitorioso e entrar com ele no Reino de Deus se já estão mortos?

É então que Paulo escreve aos tessalonicenses, encorajando-os na fé e respondendo às suas dúvidas. Estamos no ano 50 ou 51. O texto que nos é proposto é parte desse esclarecimento sobre a parusia que Paulo incluiu na carta.

Antes de mais, Paulo confirma aquilo que, provavelmente, já antes havia ensinado aos tessalonicenses: que Cristo virá para concluir a história humana; e que todo aquele que tiver aderido a Cristo e se tiver identificado com Ele, esteja morto ou esteja vivo, encontrará a salvação [v. 14]. Se Cristo recebeu do Pai a vida que não acaba, quem se identifica com Cristo está destinado a uma vida semelhante; a morte não tem poder sobre Ele... Isto deve encher de esperança o cristão, mantendo-o alegre, sereno e cheio de ânimo.

Como é que se concretizará isso? Como é que aqueles que já morreram assistirão ao triunfo final de Cristo?

Paulo não é demasiado explícito, pois está consciente que se trata de uma realidade misteriosa, que foge à lógica e à linguagem humanas. De qualquer forma, para descrever a passagem do homem velho para a realidade do homem novo que vive para sempre junto de Deus, Paulo vai recorrer ao género literário “apocalipse”, um género literário que utiliza preferentemente a imagem e o símbolo [afinal, a linguagem mais adaptada para expressar uma realidade que nos ultrapassa e que não conseguimos definir e explicar nos seus detalhes]. O quadro que Paulo traça é o de que aqueles crentes que entretanto morreram ressuscitarão primeiro [“à voz do arcanjo”, “ao som da trombeta de Deus” – elementos típicos da escatologia judaica]; depois, em companhia de “nós, os vivos”, irão ao encontro do Senhor que vem na sua glória e permanecerão com Ele para sempre.

Em qualquer caso, o que está aqui em causa não é a definição do quadro fotográfico da última vinda do Senhor... O que Paulo aqui pretende é tranquilizar os tessalonicenses, assegurando-lhes que não haverá qualquer diferença ou discriminação entre os que morreram antes da segunda vinda de Jesus e aqueles que permanecerem vivos até esse instante: uns e outros encontrar-se-ão com o Senhor Jesus, partilharão o seu triunfo e entrarão com ele na glória.

Tessalónica – volume 5

Fizemo-nos pequenos no meio de vós.
Como a mãe que acalenta os filhos que anda a criar
.
1 Tes 2,7-8

A partir daqui, Paulo recorda, sobretudo, o comportamento dos missionários que evangelizaram Tessalónica.

O apóstolo começa por descrever o amor e o afecto de Paulo, Silvano e Timóteo pelos crentes tessalonicenses, recorrendo à sugestiva imagem da mãe... Os missionários foram “como a mãe que acalenta os filhos que anda a criar” [v. 7b] e manifestaram aos tessalonicenses, em todos os momentos e situações, o seu amor, a sua ternura e o seu afecto. Fizeram-se pequenos, humildes e simples, e nunca trataram ninguém com aspereza ou sobranceria; manifestaram a todos a sua afeição, amaram todos com um amor serviçal e desinteressado; colocaram-se ao serviço da comunidade de forma total e incondicional e aguentaram todos os trabalhos e canseiras sem lamentos nem queixumes; partilharam com os membros da comunidade cristã, não só o Evangelho, mas a própria vida [v. 8]. Depois, Paulo faz referência à gratuidade com que os missionários actuaram... Além de pregarem o Evangelho, trabalharam “noite e dia” para não serem pesados para ninguém da comunidade [v. 9]. No que a Paulo diz respeito, é possível que este “trabalho” se refira ao ofício de tecedor de tendas de campanha, que ele provavelmente aprendeu na sua meninice, em Tarso, junto do seu pai. Esse ofício irá ajudá-lo a ganhar o seu sustento [nomeadamente em Corinto, quando Paulo esteve em casa de Priscila e Áquila – cf. Act 18,3] e fá-lo-á sentir-se identificado com todos os outros homens. O que interessa, no entanto, é que Paulo e os seus companheiros não pregaram o Evangelho por interesse pessoal, em vista de qualquer remuneração material. O que os moveu foi apenas o interesse do Evangelho e da salvação de todos os homens e mulheres.

Há ainda uma referência à forma como os tessalonicenses acolheram a Palavra anunciada por Paulo e pelos seus companheiros de missão: receberam-na “não como Palavra humana, mas como ela é realmente, Palavra de Deus”, que permanece activa no coração dos crentes e que os transforma [v. 13].

A comunidade cristã não é só fruto da Palavra proclamada, mas também da Palavra escutada, acolhida e vivida. Os tessalonicenses tiveram, desde logo, a percepção essencial de que a Palavra que lhes foi anunciada era Palavra de Deus e não a palavra de Paulo ou de qualquer outro pregador cristão.

E cheguei ao terminus desta viagem

Anseei pelo fumo do Incenso que se eleva aos céus.

E lá está ele a elevar-se aos céus para gória de Deus Pai.

Combati um bom combate comigo e com Deus qual Jacob naquela Santa noite em que lutou com o Anjo do Senhor e se deixou ferir e abençoar por Ele. Perdia comigo e ganhei-a com Deus.

Ao finalizar este percurso ressoa um canto novo no coração dos crentes.

O que vale a pena é viver em Cristo.
Ele cuidará da nossa vida presente e futura.


Quanto à próxima Viagem, depois desta só Roma, e por fim Jerusalém.
Falaram-me de um mendigo que vale a pena visitar...




MENDIGO ROMANO

De pernas cruzadas e de rosto por terra,

Do qual não se vislumbra qualquer traço.

Curvado, sem pretensões humanas

Estende apenas sua mão direita.

E no meio da noite daquela cidade,

A luz de um candeeiro cansado de iluminar as trevas,

Iluminou aquela figura,

E assim iluminada, alumiou o meu olhar.

Aquela imagem tão negra, iluminou a minha noite,

Rasgou as trevas interiores da minh'alma e

Lancei-me a ele da maneira que pude, trazendo-o comigo.

Agora, dou-to a ti que me escutas.

Para que vejas ali, Aquele que eu vi,

E saibas, com segurança, que Ele ressuscitou.

E vive em Ti.

Obrigado pelo caminho percorrido em conjunto.