segunda-feira, março 24

A COMUNIDADE DE TESSALÓNICA

Ao que parece, o tempo de evangelização de Paulo em Tessalónica foi curto de uns 3 ou 4 meses, mas bastante denso para deixar um comunidade cristã minimamente organizada “tendo-vos, assim, tornado um modelo para todos os crentes na Macedónia e na Acaia. Na verdade, partindo de vós, a palavra do Senhor não só ecoou na Macedónia e na Acaia, mas por toda a parte se propagou a fama da vossa fé em Deus, de tal modo que não temos necessidade de falar disso” (1 Tes 1, 7-8).

Segundo os Actos a comunidade era de origem Judeo-cristão “Passando por Anfípole e Apolónia, chegaram a Tessalónica, onde os judeus tinham uma sinagoga. Segundo o seu costume, Paulo foi lá procurá-los e, durante três sábados, discutiu com eles acerca das Escrituras, explicando-as e provando que o Messias tinha de sofrer e de ressuscitar dos mortos. «E o Messias - dizia ele - é este Jesus que vos anuncio.» Alguns deles ficaram convencidos e reuniram-se a Paulo e Silas, bem como grande número de crentes gregos e muitas mulheres de categoria social” (Act 17, 1-4).

De acordo com Actos e a 1 Tessalonicenses, houve muita hostilidade contra a comunidade cristã em Tessalónica. Embora Actos 17 diga que alguns judeus vieram para o cristianismo, a 1 aos Tessalonicenses dá a ideia que vieram da religião greco-romana “De facto, são eles próprios que contam o acolhimento que vós nos fizestes e como vos convertestes dos ídolos a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro” (1 Tes 1,9). Desta forma, aqui como em outras cidades da diáspora, nela habitavam, ao lado dos pagãos, hebreus e gregos e como diz Michel Trimaille a população não era homogénea, aos Macedónios de origem tinham-se juntado Gregos, Romanos, Sírios, Egípcios e Judeus e outros.

Paulo encontra em Tessalónica uma sinagoga que afirma uma boa fixação judaica nesta cidade, maior do que em Filipos que só tinha um lugar de oração “No dia de sábado, saímos fora de portas, em direcção à margem do rio, onde era costume haver oração” (Act 16,13). Este carácter de cidade cosmopolita fez surgir um florescimento de diversos cultos e divindades. O culto de Dionísio era originário da Macedónia. Existia também um Templo em Sérapis que certificava o vigor dos cultos egípcios.

Na sua segunda viagem missionária, Paulo e Silas aparecem vindo de Filipos, onde foram insultados e presos e onde por fim lhes pediram que se retirassem “mas, tendo sofrido e sido insultados em Filipos” (1 Tes 2,2), “Foram pedir-lhes desculpa, puseram-nos em liberdade e rogaram-lhes que se retirassem da cidade” (Act 16,39) . É visível algum ressentimento contra Paulo, por parte dos judeus da cidade, o que o levou a fugir para Bereia.

Depois de terem predicado na sinagoga durante três sábados, vêm-se obrigados a exercer o seu apostolado numa casa particular, a de Jasão, onde ao que parece tiveram êxito “Assaltaram a casa de Jasão, à procura de Paulo e Silas, para os levarem à assembleia do povo. Não os tendo encontrado, arrastaram Jasão e alguns dos irmãos à presença dos politarcas, gritando: «Aqui estão os homens que alvoroçaram o mundo inteiro, e Jasão recebeu-os em sua casa” (1 Tes 17,5-7). Paulo aplica-se depois sobretudo ao apostolado entre os pagãos.

Na carta Paulo sublinha algumas características desta comunidade:

· Vivem uma fé activa (1,3)
· Um amor esforçado (1,3; 3,6.8)
· Uma esperança constante (1,3)
· Imitadores do Senhor e de Paulo (1,6)
· Acolheram a palavra (1,6; 2,13)
· Aceitam as tribulações (1,6)
· Alegres pela força do Espírito Santo (1,6)
· Modelo para todos os crentes da Macedónia e da Acaia (1,7)
· Generosos no acolhimento (1,9; 2,1)
· Servidores de Deus (1,9; 2,9)
· Postos à prova por Deus (2,4)

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