sexta-feira, maio 2

A situação não foi fácil na Galácia

Epístola aos Gálatas


1. Uma “teologia de luta”

A Epístola aos Gálatas nasce numa atmosfera carregada de tensões do ponto de vista religioso. Nesse escrito polémico, Paulo teve que rechaçar duas acusações e desfazer opiniões que ameaçavam anular toda a sua obra apostólica.
Por um lado, devia defender-se da campanha que lhe moviam alguns judeu-cristãos gnósticos nas suas comunidades micro-asiáticas, onde eles pregavam a necessidade da lei mosaica (Gl 1, 6ss; 5, 7-12; 7, 19-20).
Por outro lado, encontrava-se diante duma corrente dirigida contra ele e seu ministério apostólico, que lhe contestava decididamente a sua autoridade de apóstolo e difundia a opinião de que o cargo apostólico de Paulo era usurpado e não podia de modo algum ser colocado em pé de igualdade com a autoridade dos “doze” (e da proto-comunidade de Jerusalém) (Gl 1, 1, 1-2-2, 9ss; 5, 10).
Conclusão, segundo salienta Alfred Wikenhauser “nenhuma das Epístolas paulinas está tão inflamadas de cólera e de paixão como esta aos Gálatas”. Nesta carta Paulo apresenta uma “teologia de luta”.

2. Estrutura

Como aluno da escola rabínica, Paulo manejava com domínio perfeito o instrumento teológico-científico do judaísmo contemporâneo, sendo sem dúvida alguma o interlocutor e o polemista ideal para combater os “judaizantes” exactamente com armas e os argumentos dialécticos que estes procuravam usar contra ele.
Paulo é um escritor da sua época e do seu contexto próprio. Por isso, as suas cartas, mais precisamente Epístola aos Gálatas na qual estamos a tratar, seguem as seguintes estruturas:

a) Proescriptum inicial (1, 1-5)
b) Exordium ou Proemio (1, 6-10)
c) Narratio ou Propositio (1, 11)
d) Probatio (1, 12-6, 1-10)
e) Peroratio (6, 11-18)
f) Postscriptum final (6,16-18)
Arlindo Tavares

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