segunda-feira, maio 12

A Ressurreição dos Mortos (I Cor 15, 1-58)

A doutrina cristã da ressurreição dos mortos encontrava dificuldades no mundo gentílico. Os gregos, sobretudo por influência da filosofia platónica e da doutrina pitagórica, admitiam a imortalidade da alma. Mas não podiam aceitar a ressurreição do corpo, geralmente concebido como prisão e túmulo da alma. Podemos notar isto em alguns cristãos de Corinto que mostravam vacilantes quanto à ressurreição dos corpos. Contra estes o Paulo opõe, antes de tudo, o facto da Ressurreição de Cristo, afirmada por muitas testemunhas, das quais ele próprio era a última. Podemos ver isto no 15,1-11. Em segundo lugar, passa a demonstrar que a nossa ressurreição se acha indissoluvelmente ligada à de Cristo. Isto é, uma não pode subsistir sem a outra. E assim, se, por absurdo e contra toda a evidência histórica, quiséssemos negar que Cristo ressuscitou, deveríamos concluir que seria falsa a pregação dos Apóstolos, inútil a fé dos catecúmenos, ilusória toda esperança de remissão dos pecados. Se, só para esta vida, temos esperança em Cristo, somos os mais miseráveis de todos os homens.

Tudo isto se compreende ainda melhor considerando que Cristo é o segundo Adão. O primeiro Adão introduziu no mundo a morte. A Ressurreição de Cristo é justamente a vitória sobre esta última inimiga. Cristo, porém, é apenas as primícias dos mortos. Os outros hão de acompanhá-lo, assim como a messe vem sempre depois das primícias.

Quanto ao modo, ninguém deve objectar dizendo: como é que ressuscitam os mortos? Com que corpo haverão de retornar, pois Deus tem a possibilidade de operar as mais admiráveis transformações. Pensemos na pequena semente que morre para reviver e na enorme diversidade de corpos celestes e terrestres. Assim será também a ressurreição dos mortos. Semeia-se em corrupção e ressuscita-se em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, e ressuscita-se em glória. Semeia-se em fraqueza e ressuscita-se em vigor. Semeia-se um corpo animal, e ressuscita-se um espiritual. Como, com efeito, trouxemos a imagem do homem terrestre, Adão, assim também levaremos a imagem do homem celeste, Cristo Como, porém, nada de corruptível pode entrar no reino dos céus, no último dia deverá ocorrer uma enorme e misteriosa transformação: ao som da trombeta celeste, todos os justos, tanto mortos como ainda vivos, serão transformados na glória celeste. Esta será a definitiva e total vitória sobre a morte (15, 50-58). Por isso, graças sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória por Jesus Cristo.
Daivadas V Thomas

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