sexta-feira, maio 16

A Problemática dos Gálatas

Não passou muito tempo depois da partida de Paulo, os cristãos judaizantes vieram argumentar que , a fim de ser um bom cristão, era preciso primeiro ser bom judeu, sendo circuncidado e observando outros preceitos da Lei.
Para entender a Epístola aos Gálatas, é necessário conhecer a situação histórica das Igrejas às quais Paulo escreve. A crise que obriga o Apóstolo a intervir não é um incidente de alcance local; é uma fase determinante na evolução da Igreja nascente.
Esta faz então uma opção decisiva, que deve efectuar para ser fiel à verdade do Evangelho e renovar em todas as épocas da sua história, em nome desta fidelidade.
Através dos Actos dos Apóstolos, nós tomamos conhecimento do papel representado por Paulo na difusão da Igreja. Ele é Apóstolo das nações, enviado de maneira especial aos pagãos(Act9,15; 22,21; 26,17), porém a sua missão esbarra na oposição constante de um meio de origem judaica, cuja tese é resumida por Lucas: "Se não vos fizerdes circuncidar segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos"(Act15,1). Esses judaizantes querem, portanto, impor aos fiéis de origem pagã o jugo da lei mosaica.
Os judaizantes seguem vivendo no mundo antigo e querem a ele reconduzir os gálatas; assim eles pervertem o Evangelho, baseando-se no Antigo Testamento, Paulo, ao invés, mostra que o Antigo Testamento só alcança o seu sentido autêntico quando Cristo cumpre o que Ele promete.
Ao receber as notícias da Galácia, Paulo se alarma e se indigna, porque isso vai frontalmente contra a essência da sua mensagem e da sua missão. Os judaizantes não pretendiam que os judeus convertidos continuassem observando a lei, e sim que oa pagãos convertidos a adoptassem como requisito de salvação.
Os judaizantes ensinavam argumentando que no Evangelho de Paulo era uma heresia perigosa: a lei não foi suprimida por Cristo: a salvação só é proveitosa aos gentios se primeiro se tornarem judeus e se submeterem a circuncisão e à lei.
Nenhuma de suas Epístolas está tão inflamada de cólera e de paixão como esta. Nesta Epístola , Paulo luta contra aguerridos e astutos inimigos da pregação cristã, isto é, contra o rabinismo e o legalismo judeu-cristão habilmente mascarado. Finalmente Paulo se defende contra as tentativas de solapar a cristologia e soteriologia do novo Testamento.
Paulo frisa dois pontos : a origem divina do seu apostolado e o poder salvífico do sacrifício de Cristo.
A indignação do Apóstolo explica o facto de que esta é a única das suas epístolas que não contém agradecimento inicial.
A agressividade de Paulo é perceptível desde o início. A brusca afirmação de autoridade e a ausência de qualquer palavra de elogio são muito insólitas no seu estilo. Entra logo no assunto e o faz com extrema franqueza. A questão é séria e pôe em perigo todo o edifício do Evangelho cristão. A agressividade e as doutrinas daqueles judaizantes levaram o Apóstolo, movido pelo Espírito Santo, a deixar claramente plasmado o ensino sobre a justificação pela fé e sobre a liberade cristã.

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