segunda-feira, maio 19

Primeira carta aos Tessalónicenses - Análise social

A comunidade cristã de Tessalónica era certamente constituída, na sua imensa maioria, por pagãos convertidos, dado que, em 1 Tes, 1, 9, Paulo se refere aos Tessalónicenses como “convertidos dos ídolos a Deus para servir o Deus vivo e verdadeiro”. A comunidade de Tessalónica era uma comunidade pequena. A comunidade carecia duma instrução sólida e edificante, duma formação na fé daqueles que adquiriram uma fé convicta e pessoal. O trabalho pastoral de Paulo e Silvano foi bruscamente interrompido em Tessalonica, quando os judeus infiéis mobilizaram contra os missionários. Os missionários foram forçados a abandonar a cidade durante a noite e até o momento não tiveram ocasião de voltar (Tes 2,18; 3,6). Paulo sabe que a comunidade necessita do “fortalecimento” (Tes 3, 2.13) e da graça da perseverança.

Os cristãos de Tessalónica após a conversão e baptismo continuam sujeitos ao perigo. Isto é recair na sua antiga vida, anterior à conversão, nos costumes do ambiente em que vivia. Os vícios típicos do antigo paganismo, a saber, fornicação e desonestidades, continuaram a ser perigo também para os cristãos recém-convertidos. Contra eles foi preciso serem advertidos (Tes 4, 3-8), como Paulo o reconheceu muito sobriamente. Em Tessalonica também havia irmãos que eram ociosos e preferiam estar, pelo mercado, a discutir a cuidar de sua vida particular e doméstica (4, 11ss). Há pessoas na comunidade que são “preguiçosas” (5,14) e precisam ser admoestadas constantemente; há também, nela, irmãos “fracos” (5,14) que sempre de novo necessitam de instrução e de apoio. Há, ainda “pusilânimes” (5,14) e “desconsolados” (4, 13.18; 5, 11) que reclamam reanimação. Na comunidade existia inveja (5,12), a injustiça e a hostilidade (5,15), e o arrefecimento da caridade (3,12). Podemos dizer que os cristãos continuam ser criaturas humanas, e os da diáspora estão sempre predispostos ao mal. Não devemos idealizar a comunidade de Tessalonica, se quisermos entender as admoestações de Paulo: esses cristãos assemelham-se a nós em muitos aspectos - em sua predisposição, em sua fraqueza e no risco que correm.

A comunidade de Tessalónca é uma comunidade na tribulação e na perseguição. Paulo vê, nessas tribulações, o rumo marcado por Deus. No entanto, atrás dessas tribulações está Satanás como seu verdadeiro autor (3, 5). Justamente, por isso, são elas tão perigosas que a gente precisa preocupar-se pela sobrevivência da comunidade (3,5.8), para que ela se conserve “fortalecida” (3,13) e “inteira” (5,23).

Daivadas V Thomas

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