domingo, maio 18

“Parti para a Arábia”

«Durante a noite alguns irmãos conduzem-no a uma casa encostada à muralha da cidade e fazem-no descer dentro de um cesto, amarrado com fortes cordas e assim saiu da cidade.» Saulo, no deserto da Arábia, amadureceu o conhecimento de Jesus como seu Salvador e de todos os homens. Saulo é um homem de fé que saboreia as coisas invisíveis, e estas iluminam e aquecem o seu coração. A ele podemos aplicar a oração de Jesus: «Pai, eu te bendigo, porque ocultaste estas coisas aos sábios e aos prudentes e as revelastes aos pequeninos. Assim é, ó Pai, porque assim foi do Teu agrado» (Mt. 11, 25-26).O livro dos Actos dos Apóstolos, após descrever a conversão de Saulo, tem uma lacuna que é preenchida pelo apóstolo na carta aos Gálatas. Paulo termina um período de três anos na Arábia, no reino dos nabateus, vindo de novo para Damasco. «Sem subir a Jerusalém, para ver os que eram apóstolos antes de mim, parti para a Arábia e voltei novamente a Damasco» (Gal. 1, 17).O termo Arábia, designa o reino dos nabateus e tinha como capital Petra, a célebre cidade vermelha que figura hoje entre as sete maravilhas do mundo. A cidade era célebre pelos seus palácios e túmulos escavados nas rochas e tinha Aretas IV como seu rei. O reino ocupava a região do Edom, conhecida como a pátria de Herodes o Grande que restaurou o Templo de Jerusalém e fundou a cidade de Cesareia marítima.O único meio de transporte nestas terras secas e áridas, era o camelo, apesar de nelas se erguerem cidades importantes como Gerasa, com as admiráveis ruínas romanas, Filadélfia, a actual Amman capital da Jordânia, Bosra e Homs.A situação política não era muito pacífica, visto Aretas estar de péssimas relações com o tetrarca Herodes Antipas, filho de Herodes o Grande, por aquele ter repudiado a sua filha para desposar Herodíades mulher de seu meio irmão Herodes Filipe como nos narra São Mateus (14, 1-12) e Flávio Josefo nas Antiguidades Judaicas.Não sabemos que cidade ou lugar escolheu Saulo para um longo retiro de dois anos. O convertido, à imitação dos grandes profetas da Bíblia, escolheu o deserto, um lugar solitário e selvagem, habitado por beduínos e seus rebanhos, para orar e meditar profundamente sobre o novo plano de Deus para a sua vida. Como tecelão, ofício também conhecido pelos beduínos, ser-lhe-ia fácil ganhar o necessário para uma vida modesta, como mais tarde fará nas suas viagens apostólicas.Este tempo foi muito fecundo para o apóstolo meditar na grande transformação que Jesus operara na sua vida, transformando um fariseu sincero e defensor da Lei, num ardente discípulo de Jesus crucificado.Escrevendo aos cristãos de Filipos refere: «Aquelas coisas que considerava como lucro, considerei-as como perda por amor de Cristo. Sim, na verdade tudo isso tenho como perda, perante o sublime conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor, pelo qual renunciei a todas as coisas e as considero como lixo, para ganhar a Cristo…» (Filip. 3,7-8).Para meditar em silêncio no deserto sobre Jesus Cristo, Saulo já sabia o suficiente. Quantas discussões tivera com Estêvão e cristãos de Jerusalém? Quanto aprendeu com Ananias que o curou da cegueira e o baptizou, mas principalmente quantas graças Jesus lhe infundiu no seu espírito, às portas de Damasco, para continuar fiel à sua nova vocação!Após o seu baptismo em Damasco, e de «estar alguns dias com os discípulos», Saulo começou «a pregar nas sinagogas que Jesus era o Filho de Deus, e todos os que o ouviam pasmavam… demonstrando-lhes que Jesus é o Cristo» (Act. 14, 1 ss).Saulo, no deserto da Arábia, amadureceu o conhecimento de Jesus como seu Salvador e de todos os homens. Saulo é um homem de fé que saboreia as coisas invisíveis, e estas iluminam e aquecem o seu coração. A ele podemos aplicar a oração de Jesus: «Pai, eu te bendigo, porque ocultaste estas coisas aos sábios e aos prudentes e as revelastes aos pequeninos. Assim é, ó Pai, porque assim foi do Teu agrado» (Mt. 11, 25-26).

Sem comentários: