quinta-feira, maio 15

O conflito entre Saulo e Estêvão foi violento

Estêvão, quando falava em público, atacava os assuntos pelo lado histórico, era convincente e genial. Provava pelos profetas que o Messias devia sofrer, condenar Jesus era condenar Moisés.Saulo estava devorado pelo fogo e zelo da Lei de Deus. Como era possível que um condenado à morte da cruz fosse o Messias? Não se lê no Deuteronómio que é «maldito todo o que pende do madeiro»? (Dt. 21, 23)Saulo enfrentava Estêvão mas este derrotava-o, «ninguém podia resistir à sua sabedoria» escreveu São Lucas no livro dos Actos (Act. 6, 10). Lei e Templo, dizia Estêvão, eram passagens intermédias na história da salvação.Com a calúnia de que blasfemava conta Deus e contra Moisés, o povo, anciãos e escribas, arrebataram Estêvão e levaram-no ao Tribunal religioso, o Sinédrio, junto ao Templo de Jerusalém. Apesar das acusações contra Estêvão, «todos os que estavam sentados no Sinédrio, viram o seu rosto como o de um anjo» (Act. 6, 15). O discurso de Estêvão arrasou a assistência, acusou-a de cegueira e surdez perante a pessoa de Jesus. «Homens de cabeça dura, incircuncisos de coração e ouvidos, vós resistis sempre ao Espírito Santo… a qual dos profetas não perseguiram os vossos pais? Mataram até os que prediziam a vinda do Justo, ao qual agora traístes e matastes» (Act. 7, 51 ss).O mártir é colocado ao longo de um muro mais alto do que um homem, e as pedras começam a cair sobre ele. Para facilitar este acto injusto e bárbaro, os homens colocam os seus mantos junto de Saulo que aprovava aquela condenação à morte.Ouve-se então a voz de Estêvão dizer: «Senhor Jesus recebe o meu espírito» (Act. 7, 59); antes de adormecer em Cristo exclamou: «Senhor não lhes imputes este pecado» (Act. 7, 60).Saulo resistia à graça, além de aprovar a morte de Estêvão, perseguia os cristãos. Queria calar a voz da consciência mas não conseguia silenciar a voz do sangue de Estêvão. Como fariseu observante da Lei, Saulo necessitava de ser derrubado das suas certezas. Cristo esperou-o junto da cidade de Damasco, deitou-o por terra, cegou-o com o fulgor da sua luz divina para lhe iluminar o espírito. «Não sou digno de ser chamado apóstolo, escreveu aos Coríntios, porque persegui a Igreja de Deus» (I Cor. 15, 9).São Lucas no livro dos Actos mostra como Estêvão percorreu o mesmo caminho de Jesus: foi apresentado diante do Sinédrio, acusado de querer destruir o Templo e tentar abolir a Lei, como Cristo foi morto, no último instante viu o Senhor de pé na glória de Deus e intercedeu pelos seus algozes. «Sem a oração de Estêvão, escreveu Santo Agostinho, a Igreja não teria Paulo».

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