domingo, fevereiro 17

Paulo – que penso dele?

Acerca de Paulo poderia dizer muitas coisas, mas prefiro centrar-me naquilo que mais me impressiona: o modo radical da sua conversão, passando de perseguidor dos cristãos ao mais zeloso dos apóstolos; o modo apaixonado com que fala de Cristo, Aquele que apareceu a Saulo quando este O atacava na pessoa dos discípulos, e pelo Qual considerará tudo o que tinha (os privilégios de ser fariseu e discípulo de Rabbi Gamaliel) «como esterco, […] para conhecê-Lo, conhecer o poder da sua Ressurreição e a participação nos seus sofrimentos, para com Ele ser achado na sua glória».
Impressiona-me também o modo como escreve às comunidades, manifestando sem rodeios nem falsas humildades aquilo que pensa estar errado – tanto ao nível do legalismo judaizante como do laxismo e do vício paganizantes, apontando sempre o Caminho no qual ele próprio ou outros apóstolos havia(m) introduzido os irmãos, e do qual estes se estavam a desviar.
Não posso deixar de referir também o modo como acaba por preferir sofrer as suas debilidades e «o aguilhão na carne» para, através disso, poder experimentar a graça de Cristo, preferível a todas as excelências humanas, das quais até se poderia gabar.
Além disso, devo recordar que, apesar de sofrer terrivelmente com a incredulidade dos seus compatriotas, desejando até ser anátema no lugar deles, não considera estes laços de carne e sangue como obstáculo à vocação e missão para os quais Cristo o separara – a do anúncio da Boa Nova aos pagãos. Não olha para trás, mas sempre para Cristo, sua única meta, Luz que Deus fez brilhar no seu coração, e cujo morrer levará sempre no seu corpo para nele se manifestar assim a Ressurreição de Jesus.Em tudo isto evita ao máximo que os discípulos se liguem a ele como fonte de vida, mostrando-se como vaso de barro que se pode quebrar a qualquer momento, dado que o Amor sublime que anuncia e manifesta vem só de Deus.

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