domingo, fevereiro 17

Aguarela da vida de um salmão… [Parte I]

Apraz-me contar-vos a vida de um salmão que, remando contra a corrente, vingou uma obra valiosa aos olhos de Deus. Nascendo em Tarso de Cilicia, de família judaica adita ao farisaísmo, cortou o caudal em que havia submergido a sua juventude estudantil quer nas sinagogas de Tarso quer em Jerusalém às mãos de Gamaliel; provavelmente apenas assimilou a cultura helénica por tracto social, pois o talmude era claro no que respeita ao frequentar escolas pagãs: “vê e busca que a hora nem seja de dia nem de noite, e consagra-a ao estudo da cultura grega” (Menahoth, 99b). Mas a reviravolta estava para borbulhar; Cristo glorioso aclarou o seu espírito fogoso e, a partir desse momento, de defensor da Lei e perseguidor dos cristãos tornou-se arauto da nova fé. E, nas três grandes viagens missionárias, nas quais enfrentou as fatigantes correntes contrárias, gerou novas comunidades cristãs, na maioria mistas, pois o seu fito era a evangelização dos gentios. E, tornado prisioneiro de Cristo, entregou o seu espírito às mãos do urso Nero, no ano a que a tradição prescreve como sendo de 67.

2 comentários:

Julie disse...

Gostei da história do salmão... Realmente Paulo é uma referência de coragem e de inovação. Não imitou ninguém, a não ser Cristo, e traçou um caminho completamente radical e original...

Cátia Sofia Tuna disse...

Grande contador de histórias, Ismael...
os salmões nascem em água doce, no início de um determinado rio, depois vão para o oceano, e regressam ao mesmo rio, ao local onde nasceram para reproduzir. E é nesse sítio onde nasceram que geralmente os ursos os caçam. Isto é interessantese se compararmos com São Paulo: no fundo, ele é um salmão alternativo porque foi morto pelo urso Nero no oceano da sua vida, onde desaguou a sua missão: em Roma...
Já agora, vale a pena pensar nisto...