segunda-feira, maio 12

SEGUNDA CARTA AOS TESSALONICENSES

Segundo alguns autores, a autenticidade da segunda Carta aos Tessalonicenses a é problemática e, para a maioria destes, esta carta não é uma carta autêntica de Paulo, antes integra as Cartas deutero-paulinas isto é, atribuídas mas não escritas pelo apóstolo Paulo.

A segunda aos Tessalonicenses está intimamente ligada à primeira Carta aos Tessalonicenses. Existem numerosas semelhanças literárias com a primeira e apresenta-se como se o próprio Paulo a tivesse escrito juntamente com a sua equipa missionária «Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo, que está em Tessalónica» (2 Tes 1,1). Para os defensores da sua autenticidade, esta teria sido escrita pouco tempo depois da 1 e propor-se-ia corrigir interpretações erradas que a primeira teria suscitado na comunidade.

Para os que a consideram não autêntica, seria posterior, pelos anos 70 e teria um autor desconhecido, talvez da escola que Paulo deixou, isto significaria que a segunda aos Tessalonicenses pertenceria à segunda geração cristã. Estes utilizando a primeira carta, procurariam afrontar e corrigir o clima de euforia apocalíptica, provocado talvez pela guerra judaico-romana dos anos 66-70.

O problema da sua autenticidade não retira, porém, importância a esta carta. É a carta mais apocalíptica, quer pela tónica posta nos castigos divinos, quer pelo anúncio de uma série de acontecimentos.

Se a primeira carta fala da necessidade de estar sempre preparado para a parusia ( 1 Tes 4,15-18), esta cuida do que sucederá antes da parusia. Para alguns autores parece haver incompatibilidade entre as duas escatologias.

A segunda aos Tessalonicenses é uma carta mais breve e que responde, portanto, ao problema da parusia. O autor desfaz um pouco o entendimento errado de que a vinda de Jesus era iminente:

«Acerca da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e da nossa reunião junto dele, pedimo-vos, irmãos, que não percais tão depressa a presença de espírito, nem vos aterrorizeis com uma revelação profética, uma palavra ou uma carta atribuída a nós, como se o Dia do Senhor estivesse iminente. Ninguém, de modo algum, vos engane.» (2 Tes 2,1-3).

O facto é que, segundo alguns autores, esta iminente parusia levou a que alguns da comunidade deixassem de trabalhar «Ora constou-nos que alguns vivem no meio de vós desordenadamente, não se ocupando de nada mas vagueando preocupados. A estes tais ordenamos e exortamos no Senhor Jesus Cristo a que ganhem o pão que comem, com um trabalho tranquilo» (2 Tes 3, 11-12). Desta forma, a carta recomenda que não esperem «vagueando preocupados» pela parusia de Jesus, pensando que o que importava era preparar o espírito para o «Dia do Senhor», mas que a fé seja activa e por isso que «ganhem o pão que comem».

O vocabulário, o estilo e a estrutura das duas Cartas têm muitas semelhanças. Coincidem em ter um exordio duplo em forma de acção de graças.


A segunda retoma frases inteiras da primeira, por ex:

«Paulo, Silvano e Timóteo à igreja de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo, que está em Tessalónica. A vós, graça e paz. Damos continuamente graças a Deus por todos vós, recordando-vos sem cessar nas nossas orações; a vosso respeito, guardamos na memória a actividade da fé, o esforço da caridade e a constância da esperança, que vêm de Nosso Senhor Jesus Cristo, diante de Deus e nosso Pai» (1 Tes 1, 1-3)

«Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo, que está em Tessalónica. Graça e paz a vós da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo.Devemos dar continuamente graças a Deus por vós, irmãos, como é justo, pois que a vossa fé cresce extraordinariamente e a caridade recíproca superabunda em cada um e em todos vós». (2 Tes 1, 1-3)

Outros autores sublinham que a parte central da carta (2 Tes 2, 1-12), é original em relação à primeira, não se dando nenhuma correspondência de vocabulário e de estilo, nem com a primeira nem com as outras cartas. A saudação final em que Paulo diz «A saudação é do meu punho, de Paulo. É este o sinal em todas as Cartas. É assim que eu escrevo. A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vós» (2 Tes 3,17-18), não é argumento para que seja de Paulo, mas o autor pode estar a querer usar da sua autoridade inspirando-se em outras cartas: 1 Cor 16,21; Gal 6,11; Col 4,18.

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