sábado, maio 3

Qual a preocupação principal da comunidade de Tessalónica?

Os cristãos de Tessalónica estão preocupados com o destino daqueles que já faleceram. Interrogam-se sobre a possibilidade de um encontro entre os vivos e os mortos, na perspectiva do regresso iminente de Cristo. Paulo procura dar uma resposta a esta preocupação: «Irmãos, não queremos deixar-vos na ignorância a respeito dos que faleceram, para não andardes tristes como os outros, que não têm esperança» (1 Tes 4,13).

Com efeito,a comunidade centrava a sua esperança não na ressurreição, mas na vinda iminente do Senhor:
  • quem é a nossa esperança, a nossa alegria e a nossa coroa de glória diante de Nosso Senhor Jesus Cristo, aquando da sua vinda, senão vós? (1 Tes 2, 19)
  • que Ele confirme os vossos corações irrepreensíveis na santidade diante de Deus, nosso Pai, por ocasião da vinda de Nosso Senhor Jesus com todos os seus santos. (1 Tes 3,13)
  • Eis o que vos dizemos, baseando-nos numa palavra do Senhor: nós, os vivos, os que ficarmos para a vinda do Senhor, não precederemos os que faleceram (1 Tes 4,15)
  • Que o Deus da paz vos santifique totalmente, e todo o vosso ser - espírito, alma e corpo - se conserve irrepreensível para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. (1 Tes 5,23)
Como diz Jurgen Becker toda a primeira geração do cristianismo primitivo viveu num clima de tensa espera. Só depois da morte dos Apóstolos, a meados dos anos 60,é que a esperança passará da fase de espera tensa a perspectivas temporais mais amplas.

A comunidade não põe em causa a ressurreição. Aquilo a que Paulo tem de responder é se a morte individual impedirá a reunião entre vivos e mortos. Aos mortos juntar-se-ão os que estão vivos? Paulo responde:

13Irmãos, não queremos deixar-vos na ignorância a respeito dos que faleceram, para não andardes tristes como os outros, que não têm esperança. 14De facto, se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus reunirá com Jesus os que em Jesus adormeceram. 15Eis o que vos dizemos, baseando-nos numa palavra do Senhor: nós, os vivos, os que ficarmos para a vinda do Senhor, não precederemos os que faleceram; 16pois o próprio Senhor, à ordem dada, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, descerá do Céu, e os mortos em Cristo ressurgirão primeiro. 17Em seguida nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens, para irmos ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor . (1Tes 4,13-17)


É a resposta a uma preocupação concreta dos destinatários da carta que, vivendo à espera duma parusia iminente que seria a hora do triunfo e a salvação consumada, temem que os seus irmãos mortos (os que dormem), ao não alcançar este acontecimento, fiquem fora do influxo salvífico de Cristo. Preocupados que estavam com o seu destino (Cf. 1 Tes 4,13). Paulo consola-os recordando a doutrina da ressurreição futura «mortos em Cristo ressurgirão primeiro» (1 Tes 4,16).

Paulo diz que tal temor parece mais próprio dos que não confiam em Cristo. O ponto de partida é a ressurreição de Cristo. A fé nessa ressurreição deve fazer-se extensiva aos que «em Jesus adormeceram» a quem Jesus ressuscitará, «levará consigo».

O texto contém muitos aspectos da apocalíptica judaica: a voz do anjo, o som da trombeta, o cortejo dos santos nas nuvens; mas, tudo isto não sufoca o absoluto cristocentrismo da passagem.
O que interessa a Paulo é sublinhar o nexo entre a ressurreição de Jesus e a sorte dos defuntos: a ressurreição é a única resposta válida ao mistério da morte.

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