terça-feira, maio 20

Comunidade dos Romanos

A comunidade dos Romanos
I. A pregação como acto cultual
a) O templo: «Pois, se tu foste cortada de uma oliveira bravia e contra a natureza foste enxertada numa oliveira boa, tanto mais eles poderão ser enxotados na própria oliveira boa à qual pertencem». Cf Rm 11, 24.
Nesta passagem digamos que, Paulo exprime a sua convicção de que a Igreja «não é tanto uma criação inteiramente nova, mas é sim uma transformação de uma realidade já existente». Esta transformação realizada, efectuada pela morte de Cristo marca uma nova etapa na história religiosa do mundo. Mas, há também a consciência de que na situação presente, não existe uma ruptura com o passado. O cristão não é um judeu, mas os crentes são filhos de Abraão. «Sabei, portanto, que somente aqueles que têm fé são filhos de Abraão». Cf. Gálatas 3, 7. «E se pertence a Cristo, então sois de facto a descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa». Cf. Gálatas 3, 29. «Eles são Israelitas e possuem a adopção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas». Cf. Rm 9, 4. Por exemplo, no pensamento judaico, glória está ligado a noção da presença de Deus. Ora, é impossível de imaginar Paulo a conceber a glória como um dos privilégios de Israel, sem uma referência directa ao templo. É certo que Paulo tem em conta a dimensão espiritual.
Conclui-se que Paulo considerava o templo, como lugar da presença de Deus manifestado pela sua glória e do culto litúrgico como um dos privilégios de Israel… O sentido é que o novo Israel é fundamentalmente o templo espiritual.
O cristão individual também é considerado como templo. «Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo?». O baptismo faz com que sejamos pedras vivas, templos de Deus.
Talvez, a ideia do templo tenha sido introduzido num sentido de santidade…No espírito de Paulo, o ponto essencial não é o templo enquanto tal, mas sim a conclusão prática no sentido de que aquilo que os cristãos fazem colectivamente ou individualmente seja morada de Deus na pessoa do Espírito. Em cada caso, a ideia do templo é reforçado para indicar uma exigência moral. Os cristãos devem evitar de profanar os templos de Deus que são eles próprios.
b) O serviço do templo: Paulo considera o nosso corpo como templo do Espírito Santo, e nessa valorização há o outro sentido, que é a dimensão cultual da vida cristã no seu conjunto.
O templo é a morada de Deus, mas é também o lugar por excelência onde se oferece o culto litúrgico. A actividade dos crentes participa no carácter litúrgico do seu ser. A santidade do lugar na qual Deus estabeleceu a sua morada e a pureza do culto que é oferecida, não consiste numa integridade ritual, mas sim numa vida de união com Deus que evita as falsas doutrinas e que está em oposição ao pecado e as influências pagãs corrompidas. O culto que os cristãos oferecem é o cumprimento dos deveres impostos pelo seu novo estado.
Este culto que o homem pede, realiza, não é apenas uma oferenda daquilo que a pessoa possui; porque a pessoa é dotada de inteligência e sabe que todo o que ele tem não dele, vem do próprio Deus, e tudo tende para Ele. Então, o culto desejado por Deus é também o dom da pessoa enquanto tal, é a entrega da pessoa na sua totalidade. Essa entrega deve se expressar na sua exterioridade. Entrega de si mesma, não é um acto passageiro. O cristão apresenta a Deus um sacrifício vivo. A vida aqui não se refere a existência humana, refere-se sim, a vida nova dada ao homem por meio do baptismo. «Não ofereçais os membros como instrumento de injustiça para o pecado. Pelo contrário, oferecei-vos a Deus como pessoas vivas, que voltaram dos mortos; e oferecei os membros como instrumento da justiça para Deus». Paulo apresenta Cristo como modelo a seguir. Ele é o Filho amado por excelência. Paulo quer que sejamos imitadores de Cristo como filhos muito amados… Cf. Efésios 5, 1-2…

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