Este post pretende ser a continuação da análise retórica anteriormente iniciada.
A segunda secção que consta na Carta aos Filipenses é o exordium (1, 3-11).
Este pode ser dividido em duas partes: uma acção de graças (vv. 3-9) e uma oração (vv. 9-11).
Na primeira parte é de destacar a expressão «dou graças ao meu Deus sempre, em toda a minha oração por todos vós» (vv. 3-4). Parece ser grande a força dos laços afectivos que ligam o apóstolo à comunidade e que, mesmo na situação em que Paulo se encontra, o fazem ter esta atitude de louvor: «a distância espacial, a recordação vivida e a nostalgia da separação fazem brotar do apóstolo a consciência de estar ligado a cada um deles. Conhece-os a todos pessoalmente e de todos conserva a recordação. E, assim, por todos e por cada um pode orar. A comunidade não deveria ser demasiado numerosa. O cunho pessoal da oração estende-se aos membros da comunidade»[1]. Mas esta alegria, na acção de graças, não parece brotar unicamente de uma mera recordação. Ela irrompe, fundamentalmente, da participação da comunidade no Evangelho: «É justo que eu tenha tais sentimentos por todos vós, pois tenho-vos no coração, a todos vós que, nas minhas prisões e na defesa e consolidação do Evangelho, participais na graça que me foi confiada» (v. 7). Comentando este versículo Gnilka refere que «a sua abertura, pela qual Paulo dá graças a Deus, consistia no facto de que [eles] tinham compreendido a íntima conexão que se apoia na força espiritual da palavra e que justamente nesta transmissão demonstra toda a sua eficácia»[2]. O axioma «nesta transmissão» empregue pelo exegeta alemão parece significar que os filipenses, enquanto crentes, devem à palavra por Paulo pregada, a sua existência na fé. Testemunhando a força transformadora da palavra de Deus, também eles se tornam colaboradores do Apóstolo na transmissão dessa mesma palavra.
Na segunda parte, a palavra-chave de toda a oração parece ser o amor. É um amor que não traduz a superficialidade um mero sentimento afectivo. É algo muito mais profundo, visto que diz respeito à comunidade e que a implica na sua totalidade: por um lado na firmeza e na salvaguarda da sua unidade; por outro lado, enquanto instância determinante para a praxis e o ethos da comunidade. Ou seja: para a sua dimensão performativa no concreto de cada dia do seu quotidiano. Esta oração é uma prece que se converte em paraclesis, em exortação moral. Esta exigência no comportamento da comunidade compreende-se, essencialmente, pela expectativa de uma escatologia eminente[3].
Na primeira parte é de destacar a expressão «dou graças ao meu Deus sempre, em toda a minha oração por todos vós» (vv. 3-4). Parece ser grande a força dos laços afectivos que ligam o apóstolo à comunidade e que, mesmo na situação em que Paulo se encontra, o fazem ter esta atitude de louvor: «a distância espacial, a recordação vivida e a nostalgia da separação fazem brotar do apóstolo a consciência de estar ligado a cada um deles. Conhece-os a todos pessoalmente e de todos conserva a recordação. E, assim, por todos e por cada um pode orar. A comunidade não deveria ser demasiado numerosa. O cunho pessoal da oração estende-se aos membros da comunidade»[1]. Mas esta alegria, na acção de graças, não parece brotar unicamente de uma mera recordação. Ela irrompe, fundamentalmente, da participação da comunidade no Evangelho: «É justo que eu tenha tais sentimentos por todos vós, pois tenho-vos no coração, a todos vós que, nas minhas prisões e na defesa e consolidação do Evangelho, participais na graça que me foi confiada» (v. 7). Comentando este versículo Gnilka refere que «a sua abertura, pela qual Paulo dá graças a Deus, consistia no facto de que [eles] tinham compreendido a íntima conexão que se apoia na força espiritual da palavra e que justamente nesta transmissão demonstra toda a sua eficácia»[2]. O axioma «nesta transmissão» empregue pelo exegeta alemão parece significar que os filipenses, enquanto crentes, devem à palavra por Paulo pregada, a sua existência na fé. Testemunhando a força transformadora da palavra de Deus, também eles se tornam colaboradores do Apóstolo na transmissão dessa mesma palavra.
Na segunda parte, a palavra-chave de toda a oração parece ser o amor. É um amor que não traduz a superficialidade um mero sentimento afectivo. É algo muito mais profundo, visto que diz respeito à comunidade e que a implica na sua totalidade: por um lado na firmeza e na salvaguarda da sua unidade; por outro lado, enquanto instância determinante para a praxis e o ethos da comunidade. Ou seja: para a sua dimensão performativa no concreto de cada dia do seu quotidiano. Esta oração é uma prece que se converte em paraclesis, em exortação moral. Esta exigência no comportamento da comunidade compreende-se, essencialmente, pela expectativa de uma escatologia eminente[3].
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