quinta-feira, abril 17

Caríssimos celtas (Parte I)

A Carta aos Gálatas é o único escrito circular de São Paulo, pois ele escreve às distintas comunidades locais (que não sabemos quais) de uma mesma região, a Galacia, situada a nordeste do império romano. Sendo uma terra inóspita e árida, nenhum diplomata queria exercer o seu cargo aqui, sobretudo devido ao facto de ser povoada por populações bárbaras e estar constantemente à mercê de pilhagens. Era tal a belicosidade deste povo que muitas vezes foram usados por um ou outro príncipe como tropa mercenária. Somente em 186 a.C., por imposição do cônsul romano Vulsón, é que se sedimentou as bases de uma futura região sedentária e com estruturas políticas organizadas. Assim, o tetrarca, sob orientação de Roma, paulatinamente, submetendo a população nativa e pacificando os povos vizinhos, organizou devidamente a região, granjeando a estima de Roma. Tal facto fez com que, mais tarde, em 25 a.C, se tornasse província romana, recebendo o nome de Galacia e estendendo o seu horizonte territorial muito para além da antiga região de assentamento celta. Tudo isto foi possível devido à morte do último rei de gálatas, o que fez com que esta região composta inicialmente por Celtas da Ásia menor, se mesclasse com outros povos e culturas. A forte influência helenista fez com que o povo originário perdesse as suas tradições ancestrais; os deuses gregos e os cultos helenísticos impuseram-se de tal ordem que ou houve uma mistura de tradições ou os cultos antigos simplesmente desapareceram.
Depois desta contextualização, é possível, sempre na base da hipótese, pensar que Paulo escrevera não a comunidades da província romana da Galacia, mas concretamente à população de assentamento celta, isto é, a comunidades da Galacia do norte, espalhadas por Halys, Tavium e Pesinunte.

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