quarta-feira, abril 16

«Hebreu, filho de Hebreus»

São Paulo não nos fala da sua infância nem da sua educação judaica em Tarso, mas na epístola aos cristãos de Filipos (3, 5) apresenta-se como um autêntico filho da raça de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu filho de hebreus, circuncidado ao oitavo dia. Estes dados, juntamente com a doutrina das «Sentenças dos Padres» que ensinavam aos pais como deviam educar os seus filhos, permitem-nos conhecer a educação familiar e religiosa dos judeus na diáspora.
As comunidades judaicas espalhadas pelo império romano eram mais numerosas que a população residente na Palestina. Os judeus encontravam-se em todas as cidades importantes, mas não se misturavam com as outras raças para não se contaminarem com a sua doutrina e culto. A família de Saulo falava em casa o aramaico, língua corrente no tempo de Jesus, conhecia o hebraico usado na liturgia e orações.
Os judeus tinham uma excelente educação familiar, como ainda hoje, o que constitui um dos segredos da sua força. Através das «Sentenças dos Padres» conhecemos a educação religiosa que os judeus davam aos seus filhos.
Aos cinco anos os meninos hebreus aprendiam a parte essencial da Torah, os capítulos 5º e 6º do Deuteronómio, o grande Hallel, constituído pelos salmos 113 a 118 que se cantavam nas festas e reuniões das sinagogas.
O jovem Saulo deveria sentir este culto muito estranho, ele que adorava o Deus dos seus pais que não tinha estátua e cujo nome era tão santo que a boca humana não o devia pronunciar.
Os Actos dos Apóstolos descrevem o sofrimento de Paulo ao atravessar a Grécia: «Enquanto Paulo esperava em Atenas (Silas e Timóteo), o seu espírito afligia-se no seu interior vendo aquela cidade cheia de ídolos» (Act. 17, 16).

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