quarta-feira, maio 7

Análise da estrutura da retórica na 1.ª carta aos coríntios

I Coríntios é uma carta de aconselhamento. Na ocasião em que Paulo encontrava-se em Éfeso, ele ouviu falar dos problemas da congregação cristã na cidade de Corinto e, por isso, passa várias instruções sobre diversos assuntos. Depois de tratar dos problemas da igreja que enfrentava dissensões e uma situação de desordem, Paulo passa a responder sobre as dúvidas dos cristãos daquela igreja. Paulo para o fazer revela fortes capacidades retóricas que são dignas de análise quando se dirige à comunidade.
Com efeito temos o praescriptum no início. Consequentemente temos o superscriptio: “PAULO (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus), e o irmão Sóstenes” – versículo 1. Temos depois o adscriptio: “À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso SENHOR Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” – versículo 2. E seguidamente a Salutio: “Graça e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” – versículo 3).
Seguidamente temos o exordium que Paulo usa para captar a benevolência dos auditores de modo a torná-los dóceis e receptivos (versículos 4 – 9). È interessante verificar que Paulo capta a benevolência falando nos dons da Comunidade, assunto que depois irá tratar no capítulo12. Há também um conceito chave como “comunhão” aludido neste exordium que Paulo também trata em maior extensão na carta, dizendo que o dom sem amor, caridade, nada é no famoso capítulo 13.
No versículo 10 verificamos o uso da Propositio ou tese, que é o pedido de Paulo que, neste caso, é que não haja contendas na comunidade. Depois vem a probatio que constitui as provas, as razões que suportam esse pedido presente no versículo 11 e seguintes.
É de referir que Paulo em suas argumentações no Novo Testamento usa sempre de uma dicotomia lógica:
(a) Se acreditam ou fazem p (verdadeiro), então porque acreditam ou fazem q (falso)?
Ou então a inversa desta dicotomia, onde ler-se-ia:
(b) Se acreditam ou fazem p (falso), então porque acreditam ou fazem q (verdadeiro)?
O caso de I Cor. 15:29 segue o segundo padrão (b)
I Cor. 15:12: Agora se é pregado de Cristo que ele se levantou dos mortos, como dizeis alguns de vós de que não há ressurreição dos mortos? (exemplo (a) da nota acima)
No fim aparece a peroratio que constitui a síntese conclusiva da comunicação.

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