segunda-feira, fevereiro 18

Uma pequena aproximação ao epistolário Paulino [Parte II]

As cartas Paulinas são escritos ocasionais endereçados ou a comunidades [Tessalónica, Corinto, Filipos, …] ou a pessoas particulares [Filémon, Timóteo, Tito], mas o conteúdo nelas inscrito foi tão importante nestes primórdios do cristianismo que as cartas encerraram sempre um cunho universal, muitas vezes a pedido de Paulo, “e quando esta carta tiver sido lida entre vós (colonossenses), fazei com que seja lida também na igreja de Laodiceia” (Col 4, 16). De um modo geral, as epístolas seguem um plano geral a quatro tempos; primeiramente possuem uma saudação ao destinatário seguida de uma acção de graças, depois temos a exposição doutrinal do tema que se quer tratar, completada por uma exortação à sua prática; por fim, saudações particulares e a bênção final. A nível literário, temos o emprego da koiné e de um vocabulário rico, onde se estreiam palavras novas e se reinventam novos significados a termos antigos, adaptando a língua dos helenos às novas ideias cristãs. Contudo, embora fosse um escritor eloquente, o seu estilo, em geral, é descuidado, devido à excessiva atenção à ideia descurando da forma de expressão, sem se preocupar grandemente com as regras de retórica - “assim como não afirmamos que o Apóstolo tenha seguido os preceitos da eloquência, assim tampouco negamos que a eloquência tenha desaparecido por causa da sabedoria” (Santo Agostinho, De doctrina Christ. 4,7). O uso cronológico na leitura das epístolas, como antevia São João Crisóstomo, é de vital importância pois nos leva a perceber o centro de gravidade do seu pensamento, nem sempre fixo, ao longo das distintas etapas da sua vida e do seu deambular pelas comunidades. Assim sendo, exceptuando, na lógica, a carta aos Hebreus, pois existiram muitas dúvidas quanto à sua autenticidade nos séculos II-III, a ordem mais provável é:
a) Primeira e segunda aos Tessalonicenses, escritas durante a sua primeira viagem missionária;
b) Primeira e segunda aos Coríntios, Gálatas e Romanos, escritas na segunda viagem missionária;
c) Colossenses, Efésios, Filémon e Filipenses, escritas em Roma durante o primeiro cativeiro;
d) Primeira e segunda a Timóteo e Tito, escritas entre os anos 65-67.

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