quarta-feira, maio 28

PORQUE AMAMOS? DA QUÍMICA DO AMOR À TEOLOGIA PAULINA DO AMOR CRISTÃO

Segundo a antropóloga Helen Fisher, existe uma química na atracção animal, pois os animais grandes e pequenos são biologicamente levados a preferir, perseguir e possuir parceiros de acasalamento específicos. Os animais amam.


“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor serei como bronze que soa ou como címbalo que retine.” (1Cor 13, 1) Se eu falasse a linguagem do amor animal, amaria: o meu cérebro estaria envolvido no processo químico do amor.

Há dois estimulantes naturais intimamente relacionados no cérebro nos mamíferos que desempenham um papel importante no amor: a dopamina e a norepinefrina. As estruturas e circuitos cerebrais variam de espécie para espécie, mas todas as aves e todos os mamíferos são dotados de formas semelhantes destas substâncias químicas.

“Os animais expressam energia intensa, atenção focalizada, euforia, desejo, persistência, possessividade, afeição: atracção animal.” (1)

Há um místico que afirma:

“A beleza é a verdade.
E a verdade é a beleza.
É tudo o que há para saber e ainda mais.”


“Tudo o que há para saber” converge para o amor animal, enquanto o “ainda mais” coincide com o amor cristão que Paulo teologizou.
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"O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. o amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas cessarão; havendo ciência, passará, porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino; quando cheguei a homem, desisti das coisas próprias de menino. Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então veremos face a face. Agora, conheço em parte; então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor. " (1 Cor 13, 4-13)
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É o ágape que dá ao sujeito a sua identidade radical. É o ágape que dá ao sujeito a capacidade da visão de Deus.
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(1) FISHER, Helen, Porque Amamos, Relógio d'Água, Lisboa, 2008, p 60.


HELENA FRANCO
2008-05-28

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