quarta-feira, maio 28

CARTA AOS ROMANOS

1. Os destinatários.

É a carta mais conseguida de Paulo, a mais importante da sua vida e de todo o Novo Testamento. Históricamente podemos considerar a carta aos Romanos como o testamento de Paulo, no sentido que ela recapitula os temas e as ideias mais importantes da teologia Paulina.
O apóstolo não fundou a comunidade de Roma. A Carta não é dirigida aos cidadãos da Urbe mas aos que estão em Roma e não são cidadãos de pleno direito.
Paulo escreve para a cidade que se considerava centro do mundo e onde como em nenhum outro sítio se divinizava a figura do Imperador. Ele fala-lhes de Cristo constituído Kyrios a partir da ressurreição. Paulo atreve-se a pregar a esta gente seu evangelho que para eles pode parecer uma loucura mas para pregador é o que salva o mundo.
Em Roma, que era berço da lei-o famoso ius romanum, Paulo atreve-se a falar contra a Lei e em favor da graça e misericórdia divina em Cristo. Fala-lhes de Jesus, alguém que foi crucificado como um criminoso. É como minar por dentro toda a estrutura social do Império e Paulo tem a ousadia de fazer isso.
A Carta aos Romanos é uma tentativa de estabelecer a relação com uma comunidade já constituída para poder levar aos gentios o evangelho que ele prega. Roma é para Paulo como um suporte e uma base para partir para evangelização do Nord-Este do Mediterrâneo e concretamente da Espanha (15, 24-28).
A comunidade de Roma parece que estava composta por cristãos procedentes do paganismo e dos judeus convertidos. A maioria deveria ser de origem pagã.
Na carta é obvio que Paulo dirige-se aos gentios (Rm 11, 13-32; 15, 7-12). A carta é dominada pelos temas como:
-discussão entre judeus e gentios (“para judeu primeiro e depois para grego” 1, 16).
-questão de identidade-quem é um judeu? (2, 25-29).
-quem são os eleitos de Deus? (1, 7; 8, 33; 9, 6-13; 11, 5-7. 28-32).
Os judeus estão presentes na reflexão de Paulo quando diz que eles se fecharam ao evangelho e reflecte sobre o futuro do seu povo (c. 9-11). Paulo não perde a esperança que os judeus e os pagãos possam um dia juntos louvar Deus (15, 8-12).
Outro componente da carta é a presença dos adversários de Paulo na comunidade de Roma, um fenómeno que já encontramos nas outras comunidades (Gal; 2Cor 10-13; Flp 3) e cujo perfil é manifestamente judaizante; mas a carta aos Romanos não é um documento cuja finalidade seja combater os adversários de Paulo.

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