quarta-feira, maio 28

5. Segunda demonstração Gal 3, 1- 4, 7

Depois de “peroratio” de 2, 15-21, Paulo interpela os Gálatas a uma nova interpretação. Paulo abandona a autobiografia e utiliza uma nova argumentação.
Paulo culpa os Gálatas pelas escolhas que ainda estão por cumprir: Oh Gálatas insensatos! Quem vos enfeitiçou, a vós, a cujos olhos foi exposto Jesus Cristo crucificado? . A delimitação literária de Gal 3, 1-5 não cria dificuldade. As questões presentes em 3, 1-5 confirmam a presença de uma nova unidade literária. Todavia a conclusão da perícope não é clara de todo. A apóstrofe encerra com uma interrogativa que nos deixa em suspenso.
Depois da apóstrofe 3, 1-5, Paulo inicia a sua demonstração, fundada na escritura. A unidade de Gal 3, 6-14 é determinada sobretudo pela citação bíblica. Paulo cita Gen 15, 6, o exemplo de Abraão e a sua pístis que resulta paradigmático para os Gálatas, que se querem submeter-se à Lei.
Paulo utiliza o midrash, e encontra em Gal 3, 13-14, a causa do carácter conclusivo da proposição. Por outro lado, adelfoi, na posição enfática e a fórmula introdutiva katà ánthrwpon légw de 3, 15 indica a passagem a uma nova perícope.
Com Gal 3, 15-18 Paulo procura abandonar a autoridade da Escritura para delinear um exemplo do tipo jurídico. A delimitação de 3, 15-18 não é complexa: em 3, 15 Paulo começa com a interpelação adelfoí. A perícope encerra com a afirmação que a herança se obtém mediante a promessa e não com a Lei: É que, se é da Lei que vem a herança, então não é da promessa. Mas foi pela promessa que Deus concedeu a sua graça a Abraão. (v. 18).
Em Gal 3, 15-18 são encontrados diversos elementos da retórica e da midrashica. Finalmente, em Gal 3, 19 Paulo afronta o problema da Lei, introduzindo com um interrogativo “diatribico”: Tí oún ó vómos; a questão emerge, de modo natural da conclusão de 3, 18: se a herança se obtém através da promessa, qual é a função da Lei?
Em resposta, 3, 19-20 caracteriza-se por uma novidade estilística, denominada de diatribica isto é, faz avançar a argumentação a um novo patamar. Aqui, Paulo enfrenta o problema da relação entre a Lei e a promessa, 3, 21-22. Paulo rejeita, apesar da perspectiva negativa da Lei Gal 3, 1-22, em oposição entre a Lei e a promessa.
Em 3, 23-29 Paulo abandona o estilo diatribico para expor a fase principal da história da salvação: da era da Lei e a da fé. Gál 3, 1-4,7, a relação entre nómos, pístis e dikaiosúve é funcional em relação à aliança. Em definitivo, a tenática da uiothesía representa o elemento decisivo do evangelho paulino: os gálatas são filhos de Abraão porque, como ele, receberam o dom da fé.

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