São Paulo não nos fala da sua infância nem da sua educação judaica em Tarso, mas na epístola aos cristãos de Filipos (3, 5) apresenta-se como um autêntico filho da raça de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu filho de hebreus, circuncidado ao oitavo dia. Estes dados, juntamente com a doutrina das «Sentenças dos Padres» que ensinavam aos pais como deviam educar os seus filhos, permitem-nos conhecer a educação familiar e religiosa dos judeus na diáspora.
As comunidades judaicas espalhadas pelo império romano eram mais numerosas que a população residente na Palestina. Os judeus encontravam-se em todas as cidades importantes, mas não se misturavam com as outras raças para não se contaminarem com a sua doutrina e culto. A família de Saulo falava em casa o aramaico, língua corrente no tempo de Jesus, conhecia o hebraico usado na liturgia e orações.
Os judeus tinham uma excelente educação familiar, como ainda hoje, o que constitui um dos segredos da sua força. Através das «Sentenças dos Padres» conhecemos a educação religiosa que os judeus davam aos seus filhos.
Aos cinco anos os meninos hebreus aprendiam a parte essencial da Torah, os capítulos 5º e 6º do Deuteronómio, o grande Hallel, constituído pelos salmos 113 a 118 que se cantavam nas festas e reuniões das sinagogas.
O jovem Saulo deveria sentir este culto muito estranho, ele que adorava o Deus dos seus pais que não tinha estátua e cujo nome era tão santo que a boca humana não o devia pronunciar.
Os Actos dos Apóstolos descrevem o sofrimento de Paulo ao atravessar a Grécia: «Enquanto Paulo esperava em Atenas (Silas e Timóteo), o seu espírito afligia-se no seu interior vendo aquela cidade cheia de ídolos» (Act. 17, 16).
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