sexta-feira, março 28
Oh Gálatas insensatos! Quem vos enfeitiçou?(Gl3,1)
A Carta aos Gálatas é proclamação. Nela se expressa o "mundo de Paulo", ou melhor, a sua experiência da fé e as sua relações com as comunidades cristãs primitivas. Sua relevância está em que também trata do episódio da sua própria conversão e da luta para preservar a experiência original da fé cristã. A proclamação de Paulo, expressa não só a luta contra a ameaça de degeneração dessa experiência, mas também as suas invectivas contra a lei mosaica. Ela expõe também a demarcação da diferença inarredável não só entre cristianismo e judaismo , mas entre a experiência da vida fática e o misticismo. A nova fé proclamada é um caminho sem revolta. A Carta é, um documento marcante da sua missão apostólica. Ai estão em jogo as atribulações da sua vida e a execução da sua missão, à medida que, como vimos, a sua missão confundiu-se com a sua vida, isto é, com o seu desenvolvimento religioso,que não foi uma mera adesão, mas uma "agitação apaixonada" com a nova fé que passou a proclamar. A proclamação, que na leitura heideggeriana de 1e2 Tessalonicenses, era direccionada pelas intensas expectativas da parusia, muda agora de enfoque. Essa mudança, porém, não pode ser entendida cronologicamente, pois faz parte da mesma acentuação da experiência fática. A "agitação apaixonada" deixa de ser entendida a partir do âmbito mental dos sentimentos para situar-se, como Heidegger, nos fenómenos da vida fática, mas, como iremos mostrar, o critério para a paixão está na gramática da proclamação.
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